A RELAÇÃO ENTRE O USO DE CANNABIS POR ADOLESCENTES E O DESENCADEAMENTO DE PSICOSES
Abstract
A utilização de Cannabis sativa por jovens têm ocorrido cada vez mais precoce, podendo levar a prejuízos cognitivos, psicológicos e sociais ao longo da vida. Outra questão relevante sobre o uso desta substância na pouca idade é a indução no desenvolvimento de quadros psicóticos, estando a esquizofrenia - disfunção neuropatológica do pensamento e produtora de delírios persecutórios e de alucinações, correlacionada desde a década de 70. Portanto, sublinha-se a relevância do tema, dado à utilização abusiva e cada vez mais precoce da maconha e aos transtornos causados pela esquizofrenia, podendo o primeiro evento ser um desencadeador do segundo na fase adulta. Esta revisão da literatura tem por objetivo analisar as contribuições científicas a respeito do processo fisiopatológico do desenvolvimento de psicose correlacionado ao uso recreativo de Cannabis na fase de maturação do sistema nervoso, ou seja, no período da puberdade. Por meio das bases de dados: “PubMed”, “Scielo”, “Scirp” e “Google Acadêmico”, e utilizando como descritores: “psicose”, “esquizofrenia”, “cannabis” e "adolescência", totalizou em 21 os trabalhos publicados desde 2015, resultando em 05 segundo a relevância com o tema proposto. O uso de Cannabis por jovens é um potencializador para o desenvolvimento de psicoses na vida adulta, uma vez que esses indivíduos possuem uma elevada expressão de receptores canabinóides no Cérebro e por ainda estarem no processo de maturação do sistema nervoso, o que os torna mais sensíveis à substância em questão. O aumento da expressão dos receptores CB1R por adolescentes usuários de maconha, e que vem a acometer a região do córtex pré-frontal dorsolateral e cingulado posterior, pode também desencadear a liberação de dopamina no sistema mesolímbico, resultando na desregulação da atividade dopaminérgica. O aumento da atividade dopaminérgica nas áreas mesolímbicas pode ter uma associação com sintomas psicóticos positivos subclínicos, quadro também evidenciado na fisiopatologia da esquizofrenia e que demonstra semelhanças entre as redes funcionais cerebrais afetadas pelo consumo da Cannabis e as que estão implicadas na fisiopatogenia da esquizofrenia. Depreende-se, portanto, que o uso recreativo, precoce e crônico de Cannabis resulta na elevação de dopamina nas regiões mesolímbicas do cérebro e na redução da mesma no córtex pré-frontal, simulando o estado neuroquímico observado na esquizofrenia.