ANOS POTENCIAIS DE VIDA PERDIDOS EM DECORRÊNCIA DA EPILEPSIA NO BRASIL NOS ÚLTIMOS 10 ANOS.
Abstract
A epilepsia é a doença neurológica crônica de maior incidência em todo o mundo. Um grande problema relacionado a essa doença é a morte súbita (SUDEP), sendo esse o principal motivo de preocupação de portadores da epilepsia, ocasionando cerca de 50 mil mortes anuais mundialmente. A frequência de episódios convulsivos está diretamente ligado ao aumento da probabilidade de óbito, dessa forma pacientes refratários (cerca de 30%) são os que estão mais suscetíveis à morte súbita. O indicador de Anos Potenciais de Vida Perdidos (APVP), que quantifica os anos que uma pessoa teria vivido caso não tivesse morrido prematuramente por alguma patologia, é uma variável importante para se avaliar nesses casos, a fim de verificar a necessidade de se implementar medidas profiláticas que possam diminuir os impactos causados pela epilepsia, como a morte súbita. Dessa forma, objetivou-se qualificar e quantificar os óbitos por Epilepsia no Brasil no período compreendido entre 2011 e 2020, utilizando o indicador APVP. Trata-se de um estudo epidemiológico, utilizando dados secundários relativos à mortalidade disponíveis no DATASUS (Departamento de Informática do SUS). Foram selecionadas as variáveis: causa do óbito, sendo epilepsia; o ano do óbito, compreendendo o período supracitado e faixa etária (FE). Para o cálculo, assumiu-se uma expectativa de vida média de 70 anos, calculando-o a partir da diferença entre a expectativa de vida e o ponto médio das faixas etárias, multiplicando-se pelo número de óbitos pela mesma FE. Por fim, foi feito o somatório do APVP compreendidos entre 1 e 69 anos. Pela utilização de dados secundários, o presente trabalho se exime da aprovação de um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). No período proposto, foram notificados 27.211 óbitos, sendo 22.027 em idade prematura, no qual foram submetidos o cálculo do indicador APVP. Foi estimado um APVP de 648.825 anos entre 2011 e 2020, no Brasil. Dessa forma, percebe-se a necessidade de implementação e aprimoramento de medidas para prevenir e tratar a epilepsia no Brasil, a fim de que ocorra a diminuição nas taxas de morte por essa patologia.