LESÕES ERITÊMATO-CIANÓTICAS OCASIONADAS PELO CONTATO COM PIOLHOS DE COBRA E SUA INTERFERÊNCIA NA ACURÁCIA DIAGNÓSTICA AO PRIMEIRO ATENDIMENTO: UM RELATO DE CASO

Abstract

Os piolhos-de-cobra, também chamados de Gongolos ou Embuás, são animais peçonhentos pertencentes à classe dos Diplópodes. Quando ameaçados ou esmagados, liberam toxinas pigmentares que, ao entrar em contato com a pele, podem simular hematomas ou máculas eritematosas e de aparência cianótica. Assim, são analisadas as lesões apresentadas por um paciente após entrar em contato com o Diplópode em questão, bem como os seus sinais e sintomas associados à queixa principal, correlacionando-os com a literatura contida em bases de dados científicos, como LILACS, MEDLINE, PubMed e Scielo. O uso de fotografias coletadas durante o atendimento ambulatorial ilustra o quadro clínico aqui relatado. M.T.J.S, sexo masculino, 14 anos, residente em Apiacá, município do Espírito Santo. Recorreu ao serviço de saúde emergencial do município queixando-se de dor local moderada em hálux direito e segundo e terceiro pododáctilos direitos, com coloração atípica das regiões afetadas. Ao exame, observou-se eritemas e pseudo-hematomas, que assemelhavam-se às injúrias vásculo-teciduais ocasionadas por eventos de morte celular (necrose). Paciente relatou surgimento das lesões após entrar em contato com um piolho-de-cobra, que estava presente em um de seus calçados. Ao analisar o quadro clínico apresentado, suspeitou-se ser ocasionado pela liberação de toxinas pigmentares pelo animal diplópode presente no tênis do paciente, não estando associado a outros riscos sistêmicos ou necrose tecidual local. Sendo assim, optou-se por uma conduta expectante, através da observação de possíveis sinais/sintomas que evidenciassem o agravamento do quadro. Além disso, foi prescrito Dipirona (VO) em caso de dor. Quanto à coloração, sua melhora ocorre após alguns dias. Visto que lesões eritêmato-cianóticas causam grande estranheza nos indivíduos que apresentam esses sinais e sintomas, além da possível associação à dor e parestesia local, busca-se apresentar maiores informações acerca do assunto, elucidando a conduta a ser realizada pelo profissional responsável e os fatores indicativos de urgência ao atendimento, com enfoque no quadro clínico apresentado pelo paciente relatado nesta composição. Assim, entende-se a importância da boa comunicação e disseminação de informações verídicas e objetivas quanto à real periculosidade das toxinas liberadas pelo piolho-de-cobra, evitando o sentimento eufórico e alarmado dos indivíduos que entrarem em contato com o animal.