A MEDICALIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO DESVIANTE NO CAMPO DA SAÚDE MENTAL E O PAPEL DA ESCOLA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Abstract
INTRODUÇÃO: O fenômeno da medicalização tem como conceito o ato de medicar em excesso, ou sem que haja necessidade. É uma prática que vem se mostrando crescente e atinge praticamente todos os campos da vida. É um processo político e cultural que transforma experiências de vida. Sabe-se que patologização hoje não é uma questão somente médica, pois sofre a influência dos educadores. OBJETIVO: Descrever o excesso de medicações em crianças com transtornos no âmbito escolar, sobretudo dificuldade de aprendizagem, relacionar com vivências e questionar o papel das escolas. MÉTODOS: O presente trabalho tem como metodologia a revisão bibliográfica, feita através de coleta de dados realizado no google acadêmico com as palavras chaves: “medicalização”, “infância” e “saúde mental”. DESENVOLVIMENTO: Foi observado que na infância a medicalização tem se tornado mais comum a partir de uma exigência da escola em relação à sua inadaptação e de sua socialização. Nesse contexto, problemas sociais passaram a ser cada vez mais medicalizados, ou seja, o que antes poderia ser considerado como causado por um fator social, cultural, psicológico, ou decorrente de múltiplos fatores, passa a ser considerado um fator médico em que apenas o organismo e o biológico são considerados. Como consequência há grande aumento do número de diagnósticos envolvendo transtornos de aprendizagem, além de aumento no consumo de medicamentos. A medicalização tem como resultado a patologização de condutas consideradas desviantes. Ou seja, aquele aluno que é rotulado como incapaz de aprender e se comportar como os outros acaba sendo diagnosticado com uma patologia e tido como aquele que tem comportamentos inapropriados e desviantes ao que é imposto pela sociedade. O relato da conexão entre problemas neurológicos e o não aprender ou não se comportar de forma considerada correta pela escola apresenta-se de forma cada vez mais comum no dia a dia das escolas e dos serviços de saúde para os quais alunos com queixas escolares são encaminhados. Diante das experiências vividas nos ambulatórios de pediatria e CAPS infantil, foi observado que frequentemente as crianças vêm encaminhadas com esta queixa escolar, de problemas cognitivos, não sendo levado em consideração os aspectos biopsicossociais. CONCLUSÃO: O fato da criança ter dificuldades de aprendizagem tem sido traduzido em patologia, como consequência há grande aumento do número de diagnósticos envolvendo transtornos de aprendizagem, além de aumento no consumo de medicamentos. Vale a incógnita a respeito do fracasso escolar em relação às repercussões em relação ao psiquismo dessas crianças, muitas vezes marginalizadas por parte do serviço educativo, gerando consequentemente baixa autoestima e estigmatização. Das escolas, espera-se que assumam cada vez mais seu papel implícito de educar os seus alunos e não os excluí ou padronizá-los.