A EXPERIÊNCIA DO LUTO DE CRIANÇAS NA PANDEMIA DO CORONAVÍRUS: ORFANDADE E SEUS EFEITOS NAS ESTRATÉGIAS DE CUIDADO E ASSISTÊNCIA INFANTO-JUVENIL
Abstract
A pandemia causada pelo coronavírus (COVID-19) trouxe mudanças consideráveis na vida cotidiana das crianças e suas famílias. Embora, a taxa de mortalidade nessa faixa etária é relativamente menor em comparação a outros grupos, faz-se necessário afirmar que todas as crianças estão suscetíveis às repercussões psicossociais da pandemia. Principalmente, posto que, o número maior de mortalidade causado pelo vírus encontra-se em adultos e idosos, tratando-se da faixa específica de responsáveis e cuidadores de crianças e adolescentes. Dito isto, o presente trabalho investiga como os setores responsáveis de assistência, saúde e educação atuam frente a esta situação. Nesta pesquisa, foram realizadas entrevistas com os profissionais dos serviços de assistência e saúde de Bom Jesus do Norte (ES), a fim de investigar a atuação da rede de assistência e saúde a crianças que perderam seus pais cuidadores na pandemia. Tornando evidente a precariedade e o desconhecimento das políticas públicas, os dispositivos informam que não obtiveram conhecimento de crianças e adolescentes que perderam seus cuidadores na pandemia. Em contrapartida, em pesquisas recentes o Brasil registrou um total de 41.000 órfãos no período de 2020-21, devido ao COVID-19. Esses dados ratificam a negligência e o despreparo dos dispositivos de cuidado a crianças e adolescentes para atuação nesse cenário de catástrofe.